sábado, 20 de agosto de 2011

Noite...


``A caixa de compacto escorrega por entre meus dedos e vai de encontro ao chão tão veloz que meus dedos não chegam a toca-la novamente antes que aterrisse de cabeça pra baixo ( lógico) esparramando seu conteúdo em todo o quarto,
não que este estivesse em ordem,
mas era totalmente
dispensável um ingrediente a mais na mistura de coisas.
Respiro
fundo,
deixo pra depois ,
uso o que ainda resta na esponja,
espalho pelo rosto e vou lembrando dos
palhaços de circo.
No fundo as mulheres devem ter e inveja deles
que eles podem usar uma camada tão grossa ao ponto de mudar a cor do rosto.
Começo
a sequência de sempre...
Lápis
nos olhos,
sombra,
muita sombra ,
tons sobre tom,
clareando escurecendo colorindo.
Na hora do
rimel vem novamente a tentação de usar cílios postiços (não da tempo ), o batom,
um pouquinho e claro,
que esta e a primeira camada de muitos que irei retocar antes mesmo de sair.
Começo
a pintar a boca e me vem de novo a imagem do palhaço,
desato a rir,
rir da minha
própria mania,
mania das
comparacoes estranhas fora de hora.
Jogo a toalha pro lado,
no espelho a
lingerie me lembra o trabalho que deu encontrar pecas que não aparecessem através do vestido ,
fossem
confortáveis e ainda assim fizessem o favor de me deixar sexy.
Outra serie de risos malvados para o espelho.

Viro para o lado e olho minha cama,
parece uma banca de
promoção no dia em que a mercadoria acabou de chegar,
uma pilha de roupas forma um
everest miniatura no centro.
Penso no tempo que vou gastar arrumando tudo isto,
meia hora de
indecisão sobre o que vestir causou quase uma revolução.
Estico o braço e alcanço o pretinho básico no cume da montanha,
percebo o quanto e
ridículo e sem nexo tanto trabalho para optar pelo óbvio.
No mesmo instante mudo de ideia e vejo o quanto era importante
experimentar todos os outros para descobrir que o meu decote favorito ainda era o melhor.
Hora do malabarismo.
Quem mandou se
maquiar antes de se vestir.
Agora o vestido tem que passar pelos meus cabelos sem desarruma-los e
pelo meu rosto sem tirar sequer um grão de do lugar.
Ainda bem que a pratica
trás a perfeição...
em um segundo o tecido desliza pelo meu corpo para no segundo seguinte ser
alisado por minhas mãos em direção ao seu cumprimento.
Um quase ultimo problema,
tanta
maquiagem,
tanto perfume,
e ainda
não decidi se vou com pernas nuas ou de meia,
imagino uma nova troca de sapatos causada pela escolha da meia,
esqueço a meia,
afinal depois que esquenta e sempre quente na noite.
A
insinuação me faz rir novamente,
alias parece que hoje to rindo a toa.

Mais
batom ,
mais perfume,
mais telefone,
mais espelho,
muito mais espelho e e claro o cabelo solto,
o ultimo toque...

Que nada o ultimo toque e o da campanhinha...
Abro a porta ...
Encaro a noite..

Sinto o vento me envolvendo no meu
próprio perfume..
A porta da casa se fecha...

O portão range atrás de meus passos...
A porta do carro bate...

Mergulho na escuridão salpicada de luz artificial !``



CleaRF.

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