
''Precisava nunca lembrar-se dele,
para nunca esquecer-se de si.
Precisa,
mais do que qualquer outra coisa,
esquecer que seus sentidos tinham memória,
e acima disso,
tirar a memória deles.
Era sua visão,
e a forma como estava estagnada na lembrança dos olhos.
Era seu tato,
e como fingia que qualquer brisa era sua silhueta.
Era seu paladar,
e o modo como tendia desgustar da amargura.
Seu olfato,
caçando no vento o cheiro cítrico da nuca.
Sua audição,
repetindo a voz.
Precisava lembrar-se para colocar-se de pé ao amanhecer.
Precisava esquecer-se para não voltar ao chão.
Precisava de um chão, para não bater de cabeça no teto...''
Juliana Motter
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