quinta-feira, 31 de março de 2011

Senhor, dai-me paciência!


``A paciência é uma única dose de rum numa noite de frio.

Doce,

rasga o peito e aquece o corpo.

Difícil é saber a hora de recorrer a essa dose mínima.

Ninguém vê uma pessoa lutando para ser calmo.

Lutando para não ser um animal.

O único vislumbre está nos olhos.

Quando os sentidos se apagam,

o vermelho-sangue tinge a visão,

o revés no estômago,

é nesse momento a hora de tomar sua dose?

Ou seria melhor deixar isso tudo e regar-se de pequenas doses o dia todo e a toda hora?

Desequilibrado ou alcólatra?

A dose está por aí,

inesgotável e serena.

Sempre à espera de um porre qualquer.

Um porre de paciência e de mil motivos para não ser.

A paciência não é uma virtude budista,

é uma bebedeira que acalma e não nos deixa cair no furacão.

É sujeira que se esconde embaixo do tapete.

Qual a dose certa?

Qual o momento de bebericar o doce néctar da civilidade?

Quando se deve negar a si mesmo o famoso "vai tomar no ... e acorda!"?

Senhor, dai-me paciência que meu rum acabou.``

Andreza Tibana


Um comentário: